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Comissão Europeia defende
Indústria 5.0 humana e sustentável
2024-12-16A Direção-Geral de Investigação e Inovação da Comissão Europeia apresentou o "Roteiro das Tecnologias Industriais da UE sobre Investigação e Inovação Centrada nas Pessoas para o Setor Transformador”, um relatório no qual aborda o futuro da transformação industrial, passando da Indústria 4.0, que está centrada na automação e integração digital, para a Indústria 5.0, que deverá valorizar a sustentabilidade, resiliência e uma abordagem centrada no ser humano.
O documento manifesta as preocupações da CE sobre a rápida implementação das tecnologias, realçando incertezas em relação aos impactos sociais, competitividade global e efeitos sobre os trabalhadores. Para a Comissão, o conceito de Indústria 5.0 vai além da eficiência e produtividade, e deve prever a criação de uma indústria que beneficie tanto a sociedade como o meio ambiente, indo de encontro aos objetivos da União Europeia traçados no Pacto Ecológico Europeu e na agenda da Economia ao Serviço das Pessoas.
Desta forma, a Indústria 5.0 tem de ter um setor fabril que respeite os limites ambientais, contribua para a regeneração do planeta e coloque o bem-estar humano no centro do desenvolvimento tecnológico.
O relatório reforça que um dos pilares principais da Indústria 5.0 é o foco no ser humano. Em vez de apenas otimizar máquinas, o objetivo é melhorar a colaboração entre humanos e tecnologia, aprimorando as condições de trabalho e permitindo que os trabalhadores prosperem num ambiente impulsionado pela digitalização.
Tecnologias como a IA, a automação e os mundos virtuais devem aumentar as capacidades humanas, em vez de substituí-las, garantindo um equilíbrio entre máquinas e trabalhadores, adianta o relatório.
Os dados indicam que muitas das empresas líderes no desenvolvimento de tecnologias centradas no ser humano — especialmente em áreas como a inteligência artificial — estão fora da Europa, com a maioria das patentes pertencentes a empresas nos EUA e na China, encontrando nesta realidade um entrave que é urgente ultrapassar. Embora alguns países europeus, como a Alemanha, França e Suíça, tenham empresas de destaque, há uma lacuna evidente que necessita de ser colmatada com políticas da UE mais fortes e apoio à inovação.
Uma das principais barreiras para alcançar a visão da Indústria 5.0 centrada no ser humano é a lenta absorção de tecnologias avançadas no setor de fabricação da UE, em parte devido aos elevados custos e à complexidade de desenvolver e integrar novos sistemas. Start-ups em países como Itália e Alemanha estão a mostrar potencial, especialmente no desenvolvimento de tecnologias como a robótica, mas, no geral, a Europa continua a ficar atrás de outros players globais.
Do lado das oportunidades, o relatório aponta o aumento do investimento de capital de risco em tecnologias centradas no ser humano que abrem novas perspetivas. Além disso, o Regulamento Europeu de Inteligência Artificial, é um passo importante para garantir que a IA seja desenvolvida e implementada de forma ética e de acordo com os valores europeus, particularmente no que diz respeito ao impacto social e ao ambiente de trabalho.
O documento deixa algumas recomendações, como a necessidade de um maior financiamento público e apoio político e recomenda que a UE e os Estados-Membros desempenhem um papel mais ativo na promoção da inovação e da investigação centrada nas pessoas. A Indústria 5.0 exigirá um esforço colaborativo entre decisores políticos, líderes industriais e investigadores e é preciso uma abordagem holística para garantir que os avanços tecnológicos beneficiem não apenas a economia, mas também os trabalhadores, consumidores e a sociedade como um todo.
O "Roteiro das Tecnologias Industriais da EU” é um documento crucial que traça o futuro da indústria europeia e delineia um novo caminho para um ecossistema industrial mais inclusivo, sustentável e centrado no ser humano. Este roteiro procura posicionar a Europa como um líder global na transição para a Indústria 5.0.